Origem
Alentejo, Estremadura (Romance Carvalhesco Antigo)
Recolha
De: Almeida Garrett
Livro: Romanceiro – Volume III
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Outras Informações
“Dona Guimar – ou Dona Águeda – de Mexia, como lhe chama a lição do Alentejo, é um interessante romancinho que aparece na tradição daquela província e na de Estremadura. Nem por outras províncias nossas, nem pelas coleções castelhanas há outro vestígio dele, que eu saiba. Não é muito antigo o estilo. Mas o fato celebrado é o de uma morte aparente com a qual parece se julgou dissolvido o matrimónio: e disto houve exemplos em tempos remotos em que tinham por certa a morte, e por verdadeira ressurreição o tornar a si o suposto defunto. Seja porém qual for a data desta composição, há coplas dela que vão de par com o mais belo e original da poesia mais primitiva. Notarei especialmente a volta de Dom João à sua terra naquela manhã de Maio, que os passarinhos cantavam, os sinos tangiam e o rir da natureza se misturava com o chorar dos homens.”
Letra
Era a menina mais linda
Que naquela terra havia
Tão formosa e tão discreta
De outra igual se não sabia
Muito lhe quer D. João
Muito de mais lhe queria
Seus amores seus requebros
Não cessam de noite e dia
Por fidalgo e gentil moço
Ninguém tanto a merecia
Se não que o pai da donzela
Outro conselho seguia
Casá-la quer muito rica
Com um mercador que aí havia
Sem fazer caso de amores
Sem lhe importar fidalguia
D. João quando disto soube
Por pouco se não morria
Foi-se dali muito longe
Sem dizer para onde ia
Três meses por lá andou
Três meses nessa agonia
A vida que lhe pesava
Sofrê-la já não podia
Mandou selar seu cavalo
Sem cuidar no que fazia
Deitou por esses caminhos
Sem dizer aonde ia
O cavalo é que mandava
Cavaleiro obedecia
Passou por terras e terras
Nenhuma não conhecia
Passou por terras e terras
Nenhuma não conhecia
À sua tinha chegado
Onde estava não sabia
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Last Updated: 6 Janeiro, 2025 by gefac
DONA GUIMAR
Origem
Alentejo, Estremadura (Romance Carvalhesco Antigo)
Recolha
De: Almeida Garrett
Livro: Romanceiro – Volume III
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Outras Informações
“Dona Guimar – ou Dona Águeda – de Mexia, como lhe chama a lição do Alentejo, é um interessante romancinho que aparece na tradição daquela província e na de Estremadura. Nem por outras províncias nossas, nem pelas coleções castelhanas há outro vestígio dele, que eu saiba. Não é muito antigo o estilo. Mas o fato celebrado é o de uma morte aparente com a qual parece se julgou dissolvido o matrimónio: e disto houve exemplos em tempos remotos em que tinham por certa a morte, e por verdadeira ressurreição o tornar a si o suposto defunto. Seja porém qual for a data desta composição, há coplas dela que vão de par com o mais belo e original da poesia mais primitiva. Notarei especialmente a volta de Dom João à sua terra naquela manhã de Maio, que os passarinhos cantavam, os sinos tangiam e o rir da natureza se misturava com o chorar dos homens.”
Letra
Era a menina mais linda
Que naquela terra havia
Tão formosa e tão discreta
De outra igual se não sabia
Muito lhe quer D. João
Muito de mais lhe queria
Seus amores seus requebros
Não cessam de noite e dia
Por fidalgo e gentil moço
Ninguém tanto a merecia
Se não que o pai da donzela
Outro conselho seguia
Casá-la quer muito rica
Com um mercador que aí havia
Sem fazer caso de amores
Sem lhe importar fidalguia
D. João quando disto soube
Por pouco se não morria
Foi-se dali muito longe
Sem dizer para onde ia
Três meses por lá andou
Três meses nessa agonia
A vida que lhe pesava
Sofrê-la já não podia
Mandou selar seu cavalo
Sem cuidar no que fazia
Deitou por esses caminhos
Sem dizer aonde ia
O cavalo é que mandava
Cavaleiro obedecia
Passou por terras e terras
Nenhuma não conhecia
Passou por terras e terras
Nenhuma não conhecia
À sua tinha chegado
Onde estava não sabia
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