Origem
S. Jorge, Açores / Aljezur, Faro, Algarve
Registos
Intérprete: GEFAC
Espetáculo: A Água Dorme de Noite (2006)
Assistir
Reinterpretações e outros arranjos
Intérprete: Brigada Victor Jara
Ouvir
Outras Informações
O “Rimance d’O Cativo de Argel”, intitulado por Teófilo Braga, foi recolhido nos Açores, existindo também uma versão algarvia (Aljezur, Faro),
recolhida por Giacometti (1981), que já havia sido publicado por Almeida Garrett no seu romanceiro, embora, nessa versão, a casa que acolhe o
cristão escravizado seja judia. De qualquer modo, o rimance remonta ao século XVI, apresentando ainda laivos de influência mourisca. A sua
melodia, típica dos romances medievais, acompanhava a maior parte dos serões familiares, à lareira no Inverno, ou servia para acalmar as
agruras do trabalho.
O assunto da cantiga parece ter sido influenciado pelo conto publicado na obra popular de M. Cervantes, ‘Dom Quixote’, intitulado de “O conto do cativo”,
que narra a fuga do cativeiro e o regresso à pátria de um ex-soldado espanhol, também aprisionado pelos mouros em Argel durante muitos anos.
A sua fuga é bem sucedida graças à importante ajuda da árabe Zoraida, que o ajuda pois, após de um chamamento à fé por parte da Virgem Maria, tinha decidido
deixar o seu país para viver entre os cristãos.
Letra
Os mouros me cativaram
Entre a paz e a guerra
Me levaram a vender
P’ra Argelim que é sua terra
Não houve perro nem perra
Que o comprar me quisera
Só o perro de um mouro
A mim só comprar houvera
De noite a moer esparto
De dia a pisar canela
Punha-me um freio na boca
Para eu não comer dela
Mas parabéns à ventura
Da filha ser minha amiga
Quando o perro ia à caça
Comigo se divertia
Dava-me a comer pão branco
Do que o perro comia
Deitava-me em catre d’oiro
Junto comigo dormia
Um dia pela manhã
Mil branquinhas me trouxeram
Toma lá meu bom Cristiano
Resgate para tu terra
Vem cá ó meu bom turco
Vem-me agora aqui ouvir
Toma lá este dinheiro
Para eu me redimir
Vem-te cá Ângela filha
Diz-me aqui a verdade
Se o bom do Cristiano
A ti deve a liberdade
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Last Updated: 6 Janeiro, 2025 by gefac
CATIVO
Origem
S. Jorge, Açores / Aljezur, Faro, Algarve
Registos
Intérprete: GEFAC
Espetáculo: A Água Dorme de Noite (2006)
Assistir
Reinterpretações e outros arranjos
Intérprete: Brigada Victor Jara
Ouvir
Outras Informações
O “Rimance d’O Cativo de Argel”, intitulado por Teófilo Braga, foi recolhido nos Açores, existindo também uma versão algarvia (Aljezur, Faro),
recolhida por Giacometti (1981), que já havia sido publicado por Almeida Garrett no seu romanceiro, embora, nessa versão, a casa que acolhe o
cristão escravizado seja judia. De qualquer modo, o rimance remonta ao século XVI, apresentando ainda laivos de influência mourisca. A sua
melodia, típica dos romances medievais, acompanhava a maior parte dos serões familiares, à lareira no Inverno, ou servia para acalmar as
agruras do trabalho.
O assunto da cantiga parece ter sido influenciado pelo conto publicado na obra popular de M. Cervantes, ‘Dom Quixote’, intitulado de “O conto do cativo”,
que narra a fuga do cativeiro e o regresso à pátria de um ex-soldado espanhol, também aprisionado pelos mouros em Argel durante muitos anos.
A sua fuga é bem sucedida graças à importante ajuda da árabe Zoraida, que o ajuda pois, após de um chamamento à fé por parte da Virgem Maria, tinha decidido
deixar o seu país para viver entre os cristãos.
Letra
Os mouros me cativaram
Entre a paz e a guerra
Me levaram a vender
P’ra Argelim que é sua terra
Não houve perro nem perra
Que o comprar me quisera
Só o perro de um mouro
A mim só comprar houvera
De noite a moer esparto
De dia a pisar canela
Punha-me um freio na boca
Para eu não comer dela
Mas parabéns à ventura
Da filha ser minha amiga
Quando o perro ia à caça
Comigo se divertia
Dava-me a comer pão branco
Do que o perro comia
Deitava-me em catre d’oiro
Junto comigo dormia
Um dia pela manhã
Mil branquinhas me trouxeram
Toma lá meu bom Cristiano
Resgate para tu terra
Vem cá ó meu bom turco
Vem-me agora aqui ouvir
Toma lá este dinheiro
Para eu me redimir
Vem-te cá Ângela filha
Diz-me aqui a verdade
Se o bom do Cristiano
A ti deve a liberdade
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